Crenças morais, empatia e justiça percebida

Desenvolvimento moral

Jean Piaget argumenta que o desenvolvimento moral envolve o respeito pelas normas sociais, a reciprocidade, o crescimento em direção à justiça e à igualdade.

Segundo as suas ideias, o desenvolvimento moral humano passa por três fases:

1. Pré-moral/Anomia (0 aos 5 anos): Nesta fase, as crianças, ainda em sua ingenuidade e imaturidade, não têm consciência das suas ações ou da moralidade. Os seus comportamentos são motivados pela busca de suas próprias necessidades e desejos.

2. Realismo moral/Heteronomia moral (6 aos 10/11 anos): Aqui, as crianças seguem regras impostas externamente, como quando um pai diz "Isso é mau, não faças!" e o filho obedece sem questionar.

3. Relativismo moral/Moral autônoma (após os 10/12 anos): Nesta fase, as crianças começam a entender conceitos morais e consideram não apenas as consequências das suas ações, mas também as intenções por trás delas.

Além de Piaget, surgiu Kohlberg, que dividiu o desenvolvimento moral em seis estágios, agrupados em três níveis, cada um com dois estágios.

Kohlberg usou o "Dilema de Heinz" para investigar respostas morais. No dilema, Heinz rouba um medicamento caro para salvar sua esposa doente, após não conseguir pagar o preço exigido. Kohlberg usou isso para avaliar o desenvolvimento moral em crianças de diferentes idades.

Os três níveis propostos por Kohlberg são:

1. Nível 1 ou Pré-convencional: Aqui, as crianças seguem as regras para evitar punições (Estágio 1) ou para satisfazer os seus próprios interesses (Estágio 2).

2. Nível 2 ou Convencional: As crianças priorizam a manutenção de boas relações e uma boa imagem pública, seguindo regras sociais e expectativas interpessoais (Estágio 3). No Estágio 4, elas valorizam o cumprimento de deveres morais acordados.

3. Nível 3 ou Pós-convencional: Aqui, as pessoas respeitam valores e princípios morais independentemente da autoridade ou regras. No Estágio 5, aceitam sacrifícios individuais pelo bem comum, enquanto no Estágio 6 seguem princípios éticos universais.

Embora a teoria de Kohlberg seja amplamente reconhecida, ela enfrenta críticas, incluindo dúvidas sobre se o raciocínio moral sempre leva a comportamentos morais e se a justiça é o único aspecto a considerar no julgamento moral. Além disso, a teoria pode refletir uma perspectiva culturalmente ocidental, negligenciando outras abordagens morais.

Identidade moral

A identidade moral é tema de uma meta-análise realizada por Hertz e Krettenauer em 2016, que analisou 112 estudos de 80 publicações, investigando a relação entre moralidade e comportamento moral.

Esses estudos corroboraram a ideia de que a identidade moral pode prever o comportamento moral, mas não é um preditor mais forte do que o julgamento moral ou as emoções morais.

Esses resultados levantam duas questões importantes: devemos considerar a interação da identidade moral com outros aspectos da personalidade e fatores sociais para influenciar a ação moral? E será que existem dois tipos distintos de moralidade, um que se preocupa em demonstrar moralidade aos outros e outro definido internamente, consistente com os valores e opiniões pessoais?

Nesse contexto, surge a perspetiva de Gilligan, que nos conduz aos conceitos de justiça abstrata, relações humanas e soldados, destacando a preocupação com outras pessoas. Um exemplo desse dilema moral é quando uma pessoa precisa decidir entre revelar a localização de um grupo de refugiados escondidos em sua casa, colocando as suas vidas em risco, ou permanecer em silêncio e arriscar a própria segurança diante da ameaça de represálias por parte de uma autoridade opressiva.

Estas questões geram duas linhas de pensamento moral: a deontológica, que prioriza as normas morais e as respostas emocionais aos dilemas morais; e a utilitarista, que prioriza as consequências globais, utilizando respostas cognitivas e mentais.

Além disso, a meta-análise de Friesdorf, Conway e Gawronski revela que homens e mulheres usam o raciocínio cognitivo de maneira semelhante, mas as mulheres tendem a recorrer mais ao raciocínio emocional diante do fator de dano.

Outro dilema moral conhecido é quando um médico em um campo de refugiados precisa decidir entre usar os seus recursos limitados para salvar uma criança gravemente doente ou usar esses recursos para salvar várias outras crianças que estão em condições menos críticas.

MORALIDADE NO DESPORTO

O Antijogo é um exemplo de desrespeito à moralidade do desporto. Este consiste no desrespeito total pelas regras do jogo e tanto é realizado pelos jogadores como a equipa técnica e é feito como forma de favorecer a equipa em algum momento do jogo.

Falando agora um pouco mais sobre o futebol, que é uma modalidade onde é muito visível estes atos , são mais comuns por exemplo: as simulações e os comportamentos agressivos, as demoras nas substituições, etc.

Um exemplo muito notável dessas ações é Senegal 2-2 Argélia realizado no dia 23/01/2017 para a taça das nações africanas onde Khadim N'Diaye, guarda-redes senegalês, «fingiu» uma lesão nos minutos finais como forma de ganhar tempo, já que o empate servia à sua seleção para se manter imbatível na prova

Questionário:

Que crenças pessoais e morais é que o ajudaram a atingir os seus objetivos na vida e na carreira como atleta? 

Referências:

• https://brasilescola.uol.com.br/biografia/piaget-desenvolvimento-moral-na-crianca.htm
• https://www.youtube.com/watch?v=9IuEitb52-4